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A história da cultura sempre foi e é uma correnteza de espiritualidades violentas! Quando as cartografias da literatura absorvem, captam a errância, o exílio, a insustentável leveza do estar-no-do-mundo, as forças estéticas em estado de agitação,de transformação, de mutação ressurgem singularmente! A INTENSA LITERATURA acontece quando as vozes transvazam, vozes agramaticalmente cruéis que não se submetem

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ao sentimentalismo, ao familarismo, à memória-consciência, às memórias hipertrofiadas do homem-poder, às parvalheiras das homenagens_________o leitor é a potência da afectologia-mundo, é a raia violenta de si-mesmo, é encontro de forças-voltaicas-singulares que se revoltam ininterruptamente perante o absurdismo da vida e os paradoxos inultrapassáveis____este processo criativo de Sidney Rocha faz-nos roubar pensamentos, sim, aqui não há trocas, há intensidades, há forças da insubordinação fora de qualquer organismo, da significação, da subjectivação____ Sidney Rocha rasga, bifurca o real inesgotável por meio da crueldade anorgánica dos eternos retornos, sua função é não ter função ao i-emergir afectivamente na vida que se transforma em alvoroços sensíveis, em impessoalidades, em heteronomias, procurando zonas de indeterminação, zonas proliferantes onde os devires se atravessam por meio das sensações de um passado futurível___"GUERRA DE NINGUÉM" não é uma configuração literária porque é uma cartografia de relações de forças que combate tudo o que recusa a vida, as personagens acontecem como intermezzos de guerrilhas sintáticas-sensoriais (ondulação cerebral a absorver as forças do mundo, a misturar-se com o mundo: aqui-agora: Sidney Rocha SE FAZ multidão à deriva escapando à rostificação, desfazendo as identidades ditatoriais, torna-se clandestino de-si-mesmo: sangramento de afecções sensitivas, a desfazerem o humano fazcizante, os essencialismos, as perspectivas, as profecias, os sujeitos, sim, Sidney Rocha faz-nos desdobrar em ritmos imanentes, desterritorializa os rostos, transvocaliza o mundo, golpeia territórios phaneroscópicos ao comprometer-se com a VIDA( afirma a vida)! Estamos perante um tremendo diagrama flutuante em mutação onde as personagens são simultaneidades transcodificantes, coexistências quebradoras das flechas do tempo, dos esquemas sensório-motores___a profligação , o flagício religa-nos à experimentação da impossibilidade___SIM___não há percepções objectivas, a literatura é do animal que vive, desaparecendo incessantemente até à metamorfose alucinante, o animal-criativo que não suporta o reconhecimento! É urgente pensar em risco, sem metas nem chegamentos, por isso redigo, reafirmo: Sidney Rocha mostra-nos a literatura adentro do animal em fuga com fissuras incomensuráveis abertas ao mundo e desabaladamente incicatrizadas: esse ANIMAL que vem e vive do excesso do mundo, tenta plantar rosas na barbárie____essa bestialidade-animalidade-inumana, intensificada pela ininterrupta insurreição CAMUSEANA, faz-nos repensar que a ARTE não é exclusivamente do humano, da razão, do reconhecimento, da inteligência, "nem de qualquer relação superior do homem". A arte é animal porque faz parte da potência vibradora da sedução feronomática implodindo intensidades, anulando, esculpindo e misturando matérias ! Sidney Rocha tenta tornar a vida suportável, sem catarses, mas em processo cataclismático PORQUE a realidade jamais será absoluta___

"GUERRA DE NINGUÉM" é um conceito movente___

por luís serguilha

guerra de ninguém,

de sidney rocha

é um conceito movente

a literatura é do animal que vive, desaparecendo incessantemente até

à metamorfose alucinante,

o animal-criativo

que não suporta

o reconhecimento

Luís Serguilha ______Poeta, ensaista.

Possui textos publicados em diversas revistas de literatura e arte. Criador da estética do Laharsismo e responsável por uma coleção de poesia contemporânea brasileira na prestigiada editora Cosmorama (Coimbra-Portugal). É Curador do Raias-poéticas: afluentes Íbero-afro-americanos de Arte e Pensamento. 

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